Quem se decidiu seriamente a ser santo, sabe que tem de passar pela chamada noite dos sentidos e pela noite mística da alma. Estas noites destinam-se a purificar o corpo e o espírito de todos os obstáculos que se opõem à Divina União. Crises de escrúpulos, aridez, tentações horríveis, perseguições dos maus e dos bons, injustiças, desamparo de todos e, sobretudo, o sentimento de que o próprio Deus nos abandonou, sujeitam a alma a uma prova tão dura, que se prefere a morte.
Job chegou a dizer: «porque não fui eu num feto abortivo no seio de minha mãe?» São José teve tais provas na vida, que por vezes se supôs abandonado de Deus ou vítima de ilusão. Certamente que sofreu, ao julgar que teria dado ocasião a que o Senhor, num acto de justiça em seus secretos desígnios, o tivesse posto de lado. O que vemos na Escritura sobre São José leva-nos a julgá-lo homem de sofrimento interior, de sofrimento calado, homem de silêncio, o que avolumava a dor e a angústia.
Confiemos-lhe as nossas penas e, sobretudo quando se passa pela chamada crise de escrúpulos, como sucedeu com Santa Teresinha, ou por tentações contra a castidade, como sucedeu com Santa Afonso Maria de Ligório, na sua velhice. São José é um Pai que nos alentará e edificará na nossa alma a paz e a alegria, depois da prova, que as suas preces encurtarão.
Exemplo:
Um seminarista, ao ver aproximar-se o fim do seu curso e o momento a que tanto aspirava em vida, que era ser sacerdote de Cristo para a salvação das almas, foi acometido de tais tentações e temores de vir a ser um sacerdote indigno e de se condenar eternamente, que se decidiu fugir do Seminário. Ao sair do quarto para pôr em prática o seu intento, os seus olhos caíram sobre a imagem de São José, suspensa na parede do quarto. Este olhou penetrante para ele e fê-lo cair de joelhos. Uma forte emoção o abalou e, suplicante, pediu a São José que o ajudasse a vencer aquela tentação ou que lhe desse força para não sucumbir e poder lutar.
Mal havia saído dos seus lábios e do seu coração esta súplica, logo se sentiu inundado pela paz, pela alegria e pela luz do Alto, ficando plena e rapidamente livre da sua angústia. Tudo lhe apareceu claro e risonho. Foi cheio de alegria que se encaminhou para o altar, onde recebeu o Sacerdócio.
Tronou-se um zeloso ministro de Cristo, um grande devoto de São José e pregador do seu culto. Quantas vezes ele o tem dito publicamente: Se São José não me tivesse ajudado nessa altura, teria sucumbido e não seria sacerdote. Bem-haja o meu Celeste amigo, Pai e Benfeitor.