A festa do Corpo e Sangue de Cristo celebra-se normalmente numa quinta-feira para fazer referência à Quinta-feira Santa, dia da instituição da Eucaristia, dia da entrega de Cristo à humanidade num gesto de Amor infinito.
Foi no século XIII que se sentiu fortemente a necessidade de ressaltar esta festa, devido à importância da presença de Cristo em forma de pão e de vinho, forma tão humana, mas ao mesmo tempo tão rica de simbolismo. Foi o Papa Urbano IV quem instituiu a comemoração da festa de Corpus Christi, no ano 1264. No início, esta festa não teve muita repercussão no interior da Igreja. Após a sua instituição o Papa morre. Porém, aos poucos, foi tomando força e, hoje, é celebrada com grande solenidade em todo o mundo.
O Sacramento da Eucaristia é levado às ruas como um gesto e expressão de fé e, ao mesmo tempo, como convite à renovação da própria fé.
São os cristãos que traduzem a sua adesão a Jesus Cristo, presente na forma permanente de pão e manifestam o seu reconhecimento a essa presença amorosa do Senhor no meio do Seu Povo, que permanece silenciosa e ininterrupta nos sacrários das nossas Igrejas.
Recorda-nos o Papa Emérito, Bento XVI: “a procissão de Quinta-feira Santa acompanhou Jesus na sua solidão, rumo à via Crucis. A procissão de Corpus Christi, pelo contrário, responde de maneira simbólica ao mandamento do Ressuscitado: precedovos na Galileia. Ide até ‘aos confins do mundo, levai o Evangelho a todas as nações’”.
Testemunha também São João Paulo II na Encíclica «A Igreja vive da Eucaristia» : “A devota participação dos fiéis na procissão eucarística da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é uma graça do Senhor que anualmente enche de alegria quantos nela participam”.
Assim tem sido, também, ao longo dos séculos na cidade de Lisboa tornando-se a Procissão do Corpo de Deus a mais antiga e participada de todas as procissões.
Em tempos de D. Joao V, a Procissão ganhou uma dimensão notável, bem ilustrada por esta descrição dos estrangeiros em Lisboa, registada em 1730: “A Procissão do Corpo de Deus faz-se desde há alguns anos com uma pompa que ultrapassa, segundo creio, tudo o que se pratica nos outros lugares da cristandade. As ruas por onde passa a procissão estão juncadas de verdura e flores e toldadas com panos de damasco… esta procissão leva tanto povo que já uma grande parte dela está de volta e ainda a outra não acabou de passar de maneira que… onde se encontra se vê formada em cruz. O aspecto é soberbo”.
Nos meados do século XIX, a procissão foi simplificada. A legislação de 1910, proibindo os dias santos da Igreja, interrompeu o culto público, embora nas igrejas continuassem a ser celebradas Missas solenes e solenes pontificais nas Sés.
As Irmandades do Santíssimo, nas diversas Paróquias, mantiveram o culto vivo e, retomadas algumas liberdades religiosas, o dia de Corpo de Deus voltou a ser feriado havendo uma renovação do culto processional público.
Como salienta o Papa Francisco na homilia da Solenidade do Corpo de Deus, em 2013: “Somos a multidão que Jesus alimenta hoje com o Seu Pão. Também nós procuramos segui-l’O para O ouvir, entrar em comunhão com Ele e acompanhá-l’O para que Ele também nos acompanhe”.
E é neste dia tão simbólico que a Paróquia de São João Baptista das Lampas realiza, todos os anos, as Primeiras Comunhões.