
Revmo. Sr. Padre Alberto de Oliveira,
Pároco de São João Baptista das Lampas
Alberto José de Barros Oliveira, nasceu numa pequena aldeia do Concelho de Chaves, de nome Bóbeda, a 15 de Novembro de 1978.
De origens humildes, cresceu a trabalhar no campo e a cuidar dos animais de uma família latifundiária mas, desde muito cedo, começou a sentir o chamamento e a vontade de seguir uma vida religiosa. Ainda muito jovem deu entrada no Seminário de Vila Real, passando pelo Seminário Patriarcal de São Paulo, em Almada, Seminário de São José de Caparide, no Estoril, concluindo a sua formação teológica no Seminário dos Olivais. Foi ordenado Presbítero a 26 de Junho de 2005, com 25 anos.
Foi Capelão Hospitalar no Hospital de Egas Moniz de 2005 a 2011 e Vigário Paroquial na Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa. A 18 de Setembro de 2011, sua Eminência o Patriarca de Lisboa, Dom José da Cruz Policarpo, nomeia-o Pároco da Paróquia de São João Baptista das Lampas.
Paróquia de São João Baptista das Lampas
A referência mais antiga alusiva à Paróquia de São João Baptista assenta no manuscrito que contém o testamento de Martim Soudo, datado de 1421. Nesta data é já referida a existência de uma Igreja Paroquial em São João dos Porqueiros (antiga designação da vila, que se manteve até cerca de 1600). Até ao século XVI, o território que mais tarde viria a constituir a Paróquia, permaneceu ligado à Paróquia de S. Martinho, na Vila de Sintra. Dada a grande distância que separava a população da Igreja Matriz, o Infante D. Afonso fez publicar, em 1539, o alvará que autorizou os fregueses a nomear pároco com residência fixa em S. João dos Porqueiros. Poucos anos antes, a velha Igreja local fora já reconstruída à medida das novas aspirações de autonomia. Dessa campanha de obras evidencia-se o Portal Manuelino, classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP), desde 1959 e, mais recentemente, classificado como Monumento de Interesse Público (MIP), envolvendo já, para além do Pórtico, toda a Igreja e o Adro (Diário da República, 2ª série, nº 4, de 7 de Janeiro de 2015).
Na primeira metade do século XVII, uma nova sentença eclesiástica veio reforçar a independência da Igreja de São João Baptista face à Matriz de S. Martinho. Nas Memórias Paroquiais de 1758, São João das Lampas surge já como uma das Paróquias do Termo de Sintra, judicialmente dependente da Comarca de Alenquer.
A Igreja Matriz é hoje um belo e grande Templo que se demarca por múltiplas intervenções de ordem artística e arquitectónica. Dadas as múltiplas reformas ao longo dos séculos, pouco ou nada se conserva do seu passado tardo-gótico. Podem, no entanto, apreciar-se três belos portais de arco quebrado e de feitura simples, do séc. XV, um dando acesso frontal ao alpendre (poente), outro permitindo a entrada pelo lado Sul no interior da igreja e outro que dá acesso à actual Capela Mortuária (norte). Apesar de não ser consensual é plausível a existência de um longo alpendre logo pelas primeiras décadas de Quatrocentos, senão mesmo antes.
Nos inícios do século XVI deu-se a principal reforma do Templo, constituindo o portal principal o seu mais eloquente testemunho. Este, data do “final do primeiro quartel do século XVI” e na dependência do estaleiro do Paço Real de Sintra. A sua estrutura é relativamente complexa, definindo um arco canopial de secção central festonada, com ampla moldura entre colunelos, acompanhando o exterior a curvatura do vão, e terminando verticalmente em cinco grinaldas profusamente decoradas. A sua iconografia foi recentemente objecto de estudo por Carlos Manique da Silva, que salientou a cápsula de papoila como “elemento decorativo dominante” (ligada ao culto do Espírito Santo e à ideia de justiça terrena) e a presença de três figuras humanas, duas nas bases da moldura e a terceira a fechar axialmente o arco (formas de conteúdo trinitário que aludem, provavelmente, à tripla coroação do Espírito Santo por altura das suas festividades).
A campanha manuelina actuou de forma quase integral no monumento. Para além do portal ocidental, é de assinalar a reforma do arco triunfal, que passou a contar com bases e capitéis estilisticamente contextualizáveis com a estética do portal, os capitéis, bases das colunas e mísulas que suportam o coro-alto”, a pia baptismal paroquial e uma interessante pia de água benta, lavrada em mármore fino e datada de c. 1510, que inclui uma legenda epigráfica alusiva ao seu doador: João Álvares, morador no Sacário, uma localidade muito próxima da vila.
Sensivelmente um século depois, realizaram-se as grandes obras de talha, nomeadamente os dois retábulos laterais, dedicados a São Sebastião e a Nossa Senhora da Saúde, e o retábulo-mor, de estrutura idêntica aos anteriores.
Uma das grandes riquezas deste templo reside no seu acervo pictórico, composto por uma tábua quinhentista alusiva ao Baptismo de Cristo, um tríptico maneirista, representando o Pentecostes, outrora integrante da arruinada capela do Espírito Santo, e um belíssimo retábulo quinhentista do Calvário em madeira recortada situado na tribuna do retábulo-mor. Ainda do século XVIII data o revestimento azulejar da secção ocidental do alpendre. Trata-se de um belo painel joanino, em azulejos de pintura azul e branca encomendados e trabalhados para enquadrar o pórtico principal – na parte superior apresenta duas passagens da vida do Padroeiro São João Baptista e dos lados, duas figuras alegóricas: arrependimento e oração – aperta o livro das Escrituras contra o peito; Silêncio e vigilância – com o dedo nos lábios, convida os fiéis que entram no templo à reflexão e ao recolhimento. O Tecto da nave central está revestido a painéis de madeira seiscentista pintados a bruttesco: sobressaem os santos venerados na Igreja (Painéis do centro) e as ladainhas de Nossa Senhora (painéis laterais). A força das cores e as expressões humanas dão-nos conta do então Mundo Novo revelado nos decobrimentos.
O interior do templo é de nave única e a sua forma data da década de 60 do século XVII. Está revestido de ricos painéis de azulejos polícromos seiscentistas do tipo de tapete onde se destacam os pormenores das ofertas dos mordomos do padroeiro São João Baptista e de Nossa Senhora do Rosário (1665 e 1666). A Capela-mor encontra-se forrada com azulejos em “espinha”.
Notáveis são os revestimentos frontais dos altares – mor e laterais – para os quais foram usados azulejos mudéjares, de mais de um padrão. No Altar-Mor a composição é curiosamente centrada por uma cruz, em azulejos brancos onde se inseriram pedaços de azulejos negros, fingindo “cravos”. Os frontais dos Altares laterais são diferentes entre si – a do lado do evangelho com azulejos de corda seca, o da epístola comazulejos de aresta.
Lateralmente, ao comprimento do edifício, o alpendre apresenta uma colunata e, no seu interior, existem bancos corridos onde, outrora, os fiéis merendavam em dias de festa e uma mesa de pedra onde se ajuizavam circunstâncias importantes da vida da comunidade, após os actos de culto, sob o conselho de senhores distintos e do Prior. Também usada para pouso dos Cargos de Festa.
No lado direito da fachada principal, sobre o cunhal do alpendre encontra-se um belíssimo relógio de sol datado de 1771.
No lado esquerdo da Fachada principal encontra-se a imponente torre sineira joanina em substituição da medieval que ruiu com o terramoto de 1755. Destacam-se os seus belos fogaréus que a encimam no fechamento do balcão.
Depois de sucessivas reformas e, de acordo com as necessidades da comunidade cristã, o templo foi ganhando a fisionomia actual, que se inscreve no núcleo de igrejas da chamada região saloia de Sintra.
Quem observa este belíssimo templo, facilmente conclui que este foi construído por fases e em diversas épocas. Desde o século XII ou XIII ao XIX, numa junção de vários estilos (gótico, manuelino, renascentista e barroco), pelo uso de vários materiais oriundos das mais diversas procedências, desde a pedra calcária da região, ao duro castanho das frias terras transmontanas; desde os mármores estrangeiros aos coloridos azulejos sevilhanos, o cunho de cada época e estilo fica bem assinalado.
Esta Paróquia destaca-se das demais do Concelho de Sintra por ser a maior de todas com cerca de 6 hectares e por ter uma costa com 10.5 km de belas praias e falésias ingremes que se estendem da Foz do falcão (mais conhecida por São Julião) à famosa Praia das Azenhas do mar.
Inserida no Parque Natural de Sintra-Cascais tem na natureza a sua maior riqueza, Sendo também ponteada por intervenções antrópicas de relevo e bastante antigas que enriquecem também o património edificado tanto a nível cultural como arqueológico, existindo vestígios da atividade humana desde tempos remotos que passam por: a antiga Anta (neolítico), vestígios Romanos espalhados por toda a região…sendo fácil seguir a evolução da humanidade com base nos vestígios aqui encontrados. Para uma melhor e mais completa leitura da nossa história é sempre aconselhável uma visita ao Museu de São Miguel de Odrinhas.
LUGARES DA PARÓQUIA